→Um pedido de desculpas(?)←
Menos.
Hoje está menos estranho que ontem,
isso é verdade.
Mas a dor
a saudade
a sensação de impotência e
insuficiência
está maior do que sempre.
É verdade que nem sempre
sei usar as palavras a meu favor
e que eu erro muito.
Erro tanto
mas TANTO
que tenho receio de dizer um olá
e errar nisso também,
mas eu aprendo a lidar com isso
e talvez você.
Sinto na minha pele a vontade
de te chamar
de te abraçar
de te beijar
e talvez expor o quanto te amo
secretamente
e talvez publicamente.
Mas sinto que não posso fazer isso,
não posso
não posso
não posso
pois você não faz parte do meu mundo.
Um lugar repleto de dor
feridas que não cicatrizam
e meras cicatrizes que finjo para mim mesma que não doem mais.
Mas doem,
ah!
como doem.
Cheio de palavras nojentas
alucinações na minha cabeça
e interrupções
falhas
limites
muitos gritos
e muitas lembranças.
Quero dizer-te para fugir
ir embora
pois não é seu lugar
não é sua vida
não é algo para você
mas ao mesmo tempo quero pedir-te
para ficar e enfrentar
meus medos
secretos
e estes, tão expostos
tão rasos
em comparação aos nunca vistos.
Vai doer.
talvez não para sempre
mas ainda por muito tempo
e seria mil vezes melhor
sentir essa dor ao seu lado
mas não quero te forçar a ver isto
nem te prender.
Se algum dia,
sejam por esses motivos
ou outros que também penso te incomodarem
querer ir embora
vá, se desejar.
Só que será uma dor a mais
um muro a mais
uma cicatriz a mais
um corte a mais
e muito,
mas muito sangue a mais
escorrendo por aí.
Não posso te pedir
para ficar e me abraçar
nem para não me machucar
ou me ajudar
pois você não tem a menor obrigação,
não é mesmo?
Mas eu te peço
para pensar
e para me perdoar
por não ter algo bom o suficiente
para te oferecer
e nem ser boa o suficiente
para o quão você merece.
Eu ainda estou aprendendo tudo:
a andar
a viver
a ser eu mesma
a amar-te
mas nem a aprender eu sei.
Coitada de mim
por eu não saber como agir
e nem saber como demonstrar meu amor
em relação a você.
Quem sabe uma hora eu aprenda,
paciência
paciência.
Para: você sabe que é para ti.
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→óbito retraído.←
eu afasto.
faço mais isto do que aproximo.
afasto a chuva da minha visão,
e as lágrimas que lentamente vêm em público.
distancio os que me apresentam perigo
e os que não também.
expulso os sentimentos que me elevam,
mas não digo o mesmo sobre os que me derrubam.
afugento algumas palavras pertubantes
e o que me pertuba também.
esquivo-me.
desobrigo-me.
eximo-me.
abstenho-me.
também livro-me
e torno-me
alguém que
simplesmente
afasta-se
e permanece
solitário
até ausentar-se
e desligar-se.
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→Caravan — Blur←
Caravan's lost
In the sun and the dust
No-one loves you
When you are lost
here I'm a clown
pulling my world down
I believed I was strong
but you are the song
and when it comes you'll feel the weight of it
the weight of it
The day will come when you get away from it
away from it
sometimes everything is easy
sometimes everything is easy
I tried to quit
But my heart won't buy it
I have got family
The caravan comes back for me
And when it comes you'll feel the weight of it,
The weight of it
And the day will come when you get away from it
Away from it
Sometimes everything is easy
Sometimes everything is easy
La la la la la la la
La la la la la la la la
La la la la la
In the sun and the dust
No-one loves you
When you are lost
here I'm a clown
pulling my world down
I believed I was strong
but you are the song
and when it comes you'll feel the weight of it
the weight of it
The day will come when you get away from it
away from it
sometimes everything is easy
sometimes everything is easy
I tried to quit
But my heart won't buy it
I have got family
The caravan comes back for me
And when it comes you'll feel the weight of it,
The weight of it
And the day will come when you get away from it
Away from it
Sometimes everything is easy
Sometimes everything is easy
La la la la la la la
La la la la la la la la
La la la la la
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→fantasmas.←
meus pêsames
para estas pobres almas
que ainda permanecem
no corpo de vivos
me atormentando.
elas são bem mais insistentes
do que os que já se foram,
e não medem suas consequências
nem a profundeza
das feridas
que deixam em mim.
eu não sei lidar com elas
as amando
e as odiando,
por mais que estas sejam palavras que nunca realmente se concretizaram.
pobres almas,
que são tão indesejadas
por serem muito desejadas
(por mim).
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→presença.←
Música
as palavras
vem a mim
pessoalmente.
elas sempre vêm ao meu encontro,
e fazem isto pesarosas,
sem pudor do que podem
e do que impedem
de causar a mim.
mas eu ainda continuo,
pois elas nunca me abandonaram
e eu esteja tão vívida
ou tão destruída,
permanecerei ao lado de
todas as palavras
que personificam
minhas lágrimas
sem hesitar.
faz exatamente um mês que não apareço por aqui, feliz ano novo <3
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→correspondência←
minha cara,
você nem se reconhece mais.
não lembra mais de onde veio as lágrimas
que vê descendo pelo seu rosto no espelho.
olha só,
tanto tempo embaixo da água já não serve mais.
nenhuma impureza sua vai deslizar pelo seu corpo novamente,
limpando sua alma como costumava fazer.
talvez os remédios não façam mais efeitos
e nada mais te deixará acordada.
seu reflexo tornou-se um desconhecido
que você vê com indiferença.
ninguém mais irá acreditar em você
com tantas mentiras soltas por aí.
sua camada exterior mostra rasgos
e seus sorrisos já estão todos desaparecendo.
deixe de ser tão egoísta,
tão egocêntrica,
tão esquisita.
você ainda continuará sozinha
com seu amargo reflexo no espelho,
dissolvendo-se,
desmanchando-se
e matando-te,
como se não tivesse consciência
de que falo
com você,
comigo mesma.
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→vícios incessantes←
há quanto tempo não apareço neste bar,
estive cansada de cair no chão
inconsciente
do quão consciente
eu poderia estar.
algumas coisas mudaram,
eu vivi,
chorei,
sorri,
mas mudanças não costumam
ser significativas para mim.
percebi que
alguns esforços são em vão,
e que não posso mais lutar,
persistir
sem ar,
pois serão a toa.
um vício não vai embora
até que ele ou você morra,
e por isso
não persisto.
posso sorrir,
chorar,
mas ele continua aqui.
batucando meu coração
que toda noite
pede por mais,
só um gole a mais.
estive cansada de cair no chão
inconsciente
do quão consciente
eu poderia estar.
eu vivi,
chorei,
sorri,
mas mudanças não costumam
ser significativas para mim.
alguns esforços são em vão,
e que não posso mais lutar,
persistir
sem ar,
pois serão a toa.
até que ele ou você morra,
e por isso
não persisto.
chorar,
mas ele continua aqui.
batucando meu coração
que toda noite
pede por mais,
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→Talvez nós...←
Talvez eu esteja sendo muito pessimista,
Mas nunca acreditei nesse tipo de relação mista.
Tu também não quis me ajudar a acreditar
E infelizmente, também tive que te deixar.
Talvez eu esteja sendo um pouco antecipada,
Mas não quero ficar para trás nessa estrada.
Já tentei até correr em direção anti-horária
Porém não quis soar tão arbitrária.
Talvez tu tenhas sido duro consigo,
Mas foi a solução para não corrermos perigo.
Não me importaria em ter te ajudado
Só que tu já sabes o quanto foi consolidado.
Talvez tu irás sentir minha falta,
Mas já é tarde demais para que haja ressalta.
O que nos resta é cairmos juntos no esquecimento
Por não termos tido em nosso amor suficiente discernimento.
~
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→O exterior mascarado de interior←
Há duas mãos
Em torno do meu pescoço
Sufocando-me
E ordenando em meu corpo.
Há dois olhos
Vidrados nos meus
Controlando-me
E me movendo inconscientemente.
Há duas cores
Rodando em círculos
Enjoando a mim
E fazendo com que eu caia no chão.
Há dois lados
Vivendo em minhas custas
Confundindo-me
E me impedindo de mostrar em qual eu realmente vivo.
Mostrando o qual eu deveria viver.
Em torno do meu pescoço
Sufocando-me
E ordenando em meu corpo.
Vidrados nos meus
Controlando-me
E me movendo inconscientemente.
Rodando em círculos
Enjoando a mim
E fazendo com que eu caia no chão.
Vivendo em minhas custas
Confundindo-me
E me impedindo de mostrar em qual eu realmente vivo.
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→quando minha vida tornou-se uma festa de sentimentos?←
corro para abrir a porta
já ansiosa pelos meus convidados,
como se eu não soubesse quem estava para chegar
ou como se eu não tivesse
conhecimento de que iriam
me fazer pirar
nesta noite.
a minha festa está para
começar,
e estouramos juntos
todos os balões,
enquanto junto com eles
minhas lágrimas descem
e param no chão
camufladas pela purpurina
sem vida.
quebramos tudo,
pois nada fará falta,
nem os presentes,
nem as lembranças,
nem o bolo;
pois eles já tem a mim
para devorar.
e depois eles vão embora,
me deixando desamparada.
sem alternativas.
nem calmantes.
e só me resta limpar tudo isso
sozinha
mais uma vez.
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→sobre essa crescente tristeza. sobre deixá-la de lado.←
às vezes sinto que sou triste demais
não que eu não esteja triste,
estou sim. pra caramba.
mas é como se houvesse uma melancolia
que me entorna e me agarra
forte. bem forte.
não quer dizer que eu não sorria,
até pareço ser bem alegre para os outros,
eu acho. ou pelo menos tento parecer.
só seria muito incômodo pra mim
parecer triste, pois
iriam querer me perguntar. e eu não iria querer responder.
mas em alguns momentos
é simplesmente difícil de esconder,
difícil de fingir. difícil de suportar.
e quando digo que sou assim
as pessoas acham que estou mentindo,
mas eu bem que queria estar. droga.
isso está ficando melancólico
e não era essa a intenção,
para ver só como sou. ou como faço as coisas.
talvez algum dia eu consiga
botar isso de lado,
escrever um final feliz. ter o meu final feliz.
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→essa droga viciante que só não é mais droga do que a droga que é a minha vida.←
Pura hipocrisia.
O que eu sempre repudiei
virou meu melhor amigo,
e direta e
indiretamente
está sempre comigo.
Com as tonturas em minha cabeça
como facadas em meu peito,
meu vício se torna cada vez mais comum
sendo muito ligeiro
em causar transtornos
desordens
maldades vistas por olhos infantis
e a morte,
e eu estou fora dessa ordem
aceitando que me entorte,
pois
logo mais não estarei aqui
para desfrutar de um refúgio
destinado a mim,
tão sutilmente infeliz
tão cruelmente feliz
me empurrando para o inferno
que parece o paraíso daqui.
~
Eu, sinceramente, não sei como continuará sendo a frequência de postagens por aqui. Cada dia eu choro mais, vomito mais, e vejo o quanto a ansiedade me afeta mais. Terão temporadas em que postarei freneticamente, e terão algumas as quais eu só irei me isolar. Espero que entendam o meu lado, caso eu demore para responder alguns comentários e os retribuir. O principal propósito do blog sempre foi desabafar, e eu não quero deixar esse intuito se esvair de minhas mãos e me trancar novamente no que eu sempre vivi no passado e hoje é o que mais temo. E não, eu não estou interessada em fazer rimas que realmente sejam rimas. Obrigada a quem sempre me acompanha, amo vocês.
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→Eu preciso de ajuda.←
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→Por que você escreve?←
Para milhares de coisas, que no final se tornam um belo e vazio ''nada''.
Para conseguir me sustentar, já que a cada dia o peso de meus sentimentos e das minhas palavras amassadas e empurradas para dentro do meu coração aumenta.
Para não me sufocar, com minha imaginação florescendo e me mostrando o quão triste minha vida é.
Para me acostumar, já que eu sei que isso não irá melhorar.
Para eu poder olhar para dentro de mim e ver o que está se passando, já que nem eu mesma estou me reconhecendo mais.
Para eu poder acariciar minha raiva, meu nervoso, minha ansiedade e meu medo, todos pela vida e pelas pessoas.
Para eu ler depois, e concluir que a loucura me prendeu entre quatro paredes e se aproxima de mim cada vez mais.
E para eu poder agravá-la, pois eu não teria graça e muito menos teria sobre o que escrever,
se não gostasse de viver com intensidade os lados negativos da minha consciência.
Item 276 da lista ''642 coisas sobre as quais escrever''.
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→julgamentos←
então é isso,
minhas palavras são levadas por aí
com significados diferentes
interpretações diferentes
que só estressam minha mente
e fazem dedos serem apontados para mim
enquanto eu mesma já estou cansada de apontar para o espelho.
me sinto cansada de ver meu esforço
ir todo pelo ralo
quando ouvem o que digo
por outras bocas
distorcedoras
e agora, eu reflito
o quão boa eu sou
talvez eu não seja tudo isso que penso
mas ao menos prefiro imaginar.
ninguém está sabendo o quanto isso dói
o quanto me esforço
mas foda-se para eles
julgar é mais do que o suficiente.
e essas palavras me atormentam
fazem meu coração explodir
com toda a auto-confiança que fingia ter
escondida em inseguranças
que costuravam as últimas explosões
de meu coração.
mas pelo visto não foi o suficiente
e agora, ele está
destruído novamente
e não será mais consertado,
pois tudo o que me disseram são
como material radioativo
que me atinge cada vez mais
e me torna incomunicável,
enquanto eu choro pelas ruas
procurando o conserto
de afastar tanto todo mundo
com um ''eu'' inexistente.
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→necessidades submersas←
Eu fui levada pelas suas palavras
mentiras
alucinantes
as mesmas que me levaram para a felicidade certo tempo atrás
e que agora me trazem de volta para a dor
que tenta fugir do
meu coração.
Ainda assim, tentei persistir
mas é difícil
enquanto você ainda está aqui
pronto para me perseguir
pelos meus sonhos.
Então te peço, não volte mais aqui
pois só estou me afundando cada vez mais
e você não vai simplesmente conseguir
me puxar de volta para
a bela e trágica superfície.
Já fui fundo demais e
não tem como retornar,
nem o chamado de minha mãe
me traria de volta,
e enquanto você não puder compreender
que meu amor por você foi
o que mais me empurrou para baixo
você também não conseguirá
ver o sol
de tão submersos que estamos:
eu no amor
você apenas no sabor.
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→Estou correndo em direção a becos sem saída, só que não sei mais como voltar + Wattpad.←
Música
Olá, pessoal! Hoje vim aqui trazer algo que preparei para vocês. Recentemente eu criei um livro no Wattpad para postar textos, não que o blog esteja tendo um reconhecimento favorável o suficiente para ser necessário adotar outras mídias, mas eu gosto da plataforma e é uma forma de não deixar certos textos guardados. Sempre que preciso(o que é recorrente), recorro ao meu computador e escrevo, mas só se eu estiver com uma vontade enorme de desabafar é que venho aqui postar o texto. Quando não posto na hora, fico desalentada em postar depois, então alguns textos que considero muito bons ficam guardados sem eu ter coragem de postar aqui.Pensando nisso, eu criei esse livro para postar no Wattpad. Terá alguns textos do blog, mas contará também com muitos textos exclusivos, que nunca foram vistos por aqui pelo mesmo motivo que comentei antes. Está sendo feito com muito carinho e eu adoraria que vocês visitassem, o apoio de quem lê e comenta meus textos sempre foi muito especial para mim, e por isso estou contando com vocês. Cá está o link: stardust. Muito obrigada pela atenção e também para quem visitou ♥Abaixo, mais um desabafo que eu precisava fazer já haviam tempos.
Não estou mais aguentando esse vazio dentro de mim. Parece que ele vai me engolir por inteira e depois me cuspir para me deixar solitária novamente, sem saber o caminho de volta desse labirinto tão confuso que está sendo a vida. Não quero ser clichê e nem parecer depressiva, mas parece que uma hora tudo vai cair e não vai sobrar mais nada, e o pior de tudo é que pouco a pouco vou me acostumando com sentimentos tão angustiantes e tão mortíferos quanto os que me esfaqueiam todos os dias. Sinto que estou afundando cada vez mais, e que vai chegar uma hora que nem vou ligar mais, pois a minha ficha vai cair de que nada disso vai mudar e que eu pararei de criar ilusões na minha cabeça e abrirei os olhos para a cruel realidade que parece por fogo em toda a minha volta e faz eu ficar ali no meio, esperando o fogo me consumir pois sei que não há mais chances de fugir desse incêndio da minha mente. Estou sempre em alerta, como se estivesse em perigo mesmo sabendo que sou indiferente demais para esse mundo para ser perseguida, mas eu simplesmente não consigo mais me acalmar. Me dizem que é uma fase, que é loucura e que é frescura, mas eu acho que não passa de um nada, realmente. É o nada me prendendo e se aproximando cada vez mais, fazendo o suor escorrer de minha testa e a faca escorregar da minha mão, me deixando desprotegida e sem esperança nos últimos segundos de minha vida.
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→Incurável.←
Prezado Dr.
acho que seus remédios não estão fazendo mais efeito.
Pensei que teria anestésicos que fossem o suficiente,
mas talvez simplesmente sejam dores
impossíveis de se limitar.
~
Todo o aperto no coração,
como se fosse ocorrer a qualquer momento
uma explosão de sentimentos,
está tudo voltando novamente.
Estou refazendo meus passos,
indo novamente pelo mesmo caminho
que, antes, tinha dado em um abismo
mas agora pode dar nos céus.
Só que estou com medo
de que não aconteça o que quero
e sim o inevitável,
que eu prometi que nunca iria
sentir novamente,
mas está acontecendo.
Tudo que fui obrigada
a engolir para dentro
está saindo para fora freneticamente,
e eu não sei por quanto
tempo mais
irei aguentar.
É como uma assombração
vestida com uma fantasia angelical,
que me entristece,
mas me alegra.
Me assusta,
mas me acalma.
Me joga no chão,
me machuca,
e me manda embora,
mas depois pede para eu voltar
e eu volto.
Estou correndo dela
mas não estou mais
resistindo.
Ela lentamente me alcança,
e consigo ver futuros
tristes e
felizes, mas
não consigo mais ver
qual estará
aguardando
por mim
quando eu
chegar em
casa.
Obrigada pelo desempenho que o blog anda tendo. Pode parecer muito pouco para alguns, mas ter pelo menos uma pessoa que se identifica com o que escrevo é mais do que eu buscava ter. E obrigada a quem indicou o Cailleach em seus blog, devo um pouco disso a vocês também. ♥
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→Um desabafo confuso.←
Eu estou em uma ponta, sendo banhada pela chuva e percebendo o quanto eu posso ter sido dura comigo mesma. Minha posição é favorável para dormir vendo a lua, mas talvez ela simplesmente não apareça hoje por eu ter sido dura demais com ela. Às vezes culpamos muito outras pessoas para não nos sentirmos culpados, mas as emoções foram feitas para serem sentidas. Estou no ápice das minhas, eu posso dizer claramente que minha pele é feita do medo e minha mente da ansiedade, mas os sentimentos devem ser vividos, para talvez conseguirem viver sozinhos um dia. Ainda não descobri do que meu coração poderia ser feito, mas talvez esteja mais quebrado e seja menos triste que o seu.
Eu vejo um enorme abismo aos meus pés, e na outra ponta eu vejo você. Alguém que eu conheço muito bem, mas me conhece muito pouco para entender o mar que se passa nos meus olhos. Pensei que poderia ter remediado minha dor, e ter se tornado minha solução, mas pouco a pouco você só conseguiu piorá-la, e eu não faço ideia do que fazer para atravessar esse abismo e conseguir explicar o que meus olhares de longe significaram. Dizem que uma pessoa consegue mudar o mundo, e você conseguiu mudar o meu, mas você foi para o outro lado dele e não parece interessado em voltar e consertar o que quebrou.
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→Prisão←
eu tenho algumas lágrimas presas,
eu não sei quem as prendeu
ou qual foi o motivo da condenação
mas elas estão bem presas,
impossibilitadas de sair.
às vezes elas fogem,
já fugiram em momentos de abstinência
e também em público
por causa de você,
na frente de você.
e eu, sinceramente, não sei
se deveria te culpar ou não.
as prenderam injustamente,
nenhum crime foi cometido
mas, por mais inocentes que sejam,
elas são indiciadas a ficar aqui dentro.
quando elas aparecerem na sua frente
lembre-se de que nada fizeram,
de que nada fiz
mas você tudo fez,
porque elas só fogem
por sua culpa.
e você, não será preso
pois eu te desculpo mesmo assim,
apenas ajude me a segurá-las
e não deixá-las correr para
fora do meu alcance
novamente
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→Fuga.←
Quando você menos espera, ela chega para você. Ela chega como um canhão, que atravessa seu peito e perfura seu coração. Você se sente sozinho, desprotegido, e faz o possível para fugir dela, mas isto é quase impossível, foram poucos os que conseguiram este feito. Ainda assim você corre, corre como o canhão que é a morte. Não aceita que é sua vez, e acaba indo a loucura se vendo perdido nos efeitos colaterais, se vê deprimido, triste, com medo, e principalmente louco. Medo de que ela não seja calma para você, de que corra muito rápido, de que faça mal para alguém, e de que a impeça de descansar. Para. Respira. Volte a correr, uma pausa não é um fim. Tem pessoas que quase a deixam lhe alcançar, mas ela resolve deixá-las passar, só mais uma vez. Talvez por ter sido alguém bom em vidas passadas, um amigo. As vezes um amante, sabe. A morte tem vários amantes, e quando ela não os mata, restam apenas os efeitos colaterais, que os perseguem pelo resto da vida. Pelo menos os meus nunca foram embora.
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→O canto da sereia.←
''Ninguém realmente se parece por fora com o que é de fato por dentro.'' - O Oceano no Fim do Caminho.
April caminhava calmamente pela areia da praia, com seus shorts jeans, camiseta e chinelos na mão. Ela sentia a areia leve em seus pés, e fitava o vazio que se formava a sua volta, não muito impressionada. Depois das repentinas mortes por afogamento que ocorreram no último mês, cada vez mais a praia tornava-se solitária, tendo companhia apenas de alguns turistas e dos trabalhadores dentro dos quiosques, que já estavam indo embora também. Era de manhã, mais especificamente oito horas, e April já conseguia sentir a água batendo em seus calcanhares. Ela volta rapidamente para um guarda-sol que viu vazio e deixa seus chinelos e sua mochila ali. Iria voltar logo, e, não tem nada de valioso ali.
Retornando a caminhar para a água, ela pensa em seus últimos dias: o término de seu relacionamento, a perda do emprego, a morte de seu irmão gêmeo, e quase torna a chorar, mas se segura. Decide esquecer isso por um tempo, e assim vai caminhando para a água até o momento em que ela bate um pouco abaixo de sua cintura. Deixando-se levar pelas ondas, ela dá voltas como se fosse dançar ballet ali mesmo. Até que vê ela. Uma menina loira, ao longe, se divertindo tanto quanto ela, dançando sob ondas. A garota cantava, com uma voz melodiosa e hipnotizante, e então April se vê nadando até lá, mas quando mais chega perto, mais longe era parece estar. Ela decide nadar ainda mais rápido, mas não consegue alcançar a garota loira, e então começa a gritar. Mais tarde ela não saberia exatamente o que gritou, mas percebeu a loira virar o rosto para ela. Tinha uma expressão suave, um rosto fino e lábios rosados e carnudos. De tamanha a distância, era inegável que seus olhos eram claros, mas não estava perto o suficiente para distinguir qual cor, só sabia que a garota parecia uma albina, e que ela estava ali, parada, esperando por ela.
Então foi decidido ir até a garota, e assim foi feito. Cada vez que chegava mais perto, ela podia perceber um tom rosado nas pernas da garota, mas não ligou para isso, e começou a correr em direção dela. Não sabia o motivo e nem o que a levaria ir até esta mulher, só sentia que devia fazer isso, como se estivesse cada vez puxando-a para mais perto. As ondas já chegavam um pouco acima de seu umbigo, e quando chegou perto da garota de pernas rosadas, tomou um susto: elas eram grudadas. Estranhou, pois de longe tinha visto uma garota com duas pernas dançando, até que mergulhou no mar e viu. Era uma sereia.
~
A sereia acariciava os cabelos ruivos de April, enquanto ela não acordava. Quando isto aconteceu, a ruiva se levantou repentinamente da areia e ficou em silêncio durante alguns minutos observando sua companheira, e então disse:
— O que você é?
— Uma maldição.
— Uma sereia. — rebateu April.
Neste ponto, as duas já estavam de pé na areia, uma em frente a outra.
— Sou uma maldição, que você deveria ter fugido. Agora que me alcançou, viverá o resto de sua vida sentindo um pouco de minha dor. — disse a sereia, que neste momento estava novamente com suas duas pernas.
— Como assim? — perguntou April.
— Deixe-me lhe mostrar — e assim foi feito.
April recebeu um beijo na boca, e enquanto isto acontecia, sentia um sentimento apaixonante, ao mesmo tempo um sentimento de sua alma sendo sugada, como se a garota fosse uma espécie de dementador. Depois do beijo terminar, ela finalmente compreendeu o que a sereia quis dizer.
— Não! Não me deixe, por favor! — Mas quando viu, a loira já estava voltando em direção ao mar.
Teve vontade de correr e não deixá-la ir embora, mas sabia que de nada adiantaria. Esperou a loira estar a uma boa distância para permitir-se lágrimas, e a viu olhando para trás e a fitando, antes de suas pernas tomarem um tom rosado novamente e desaparecer após uma onda. Não demorou cinco minutos e já poderia sentir os efeitos da maldição, a qual já compreendera: o beijo da sereia a fez se apaixonar por ela.
A partir disso, os cantos da sereia nunca mais desapareceram de seus sonhos, seus cabelos loiros caindo sob o rosto nunca desapareceram de suas pinturas, e sua dor que não deixava-se transparecer nunca desapareceu de seu coração, tomando sua vida e trancando April na infinita escuridão. O canto de uma sereia era mortal, e o amor também.
~
Olá, pessoal! Este é um conto um pouco antigo, um dos primeiros textos que escrevi e gostei tanto a ponto de não jogá-lo no lixo. Estarei voltando as aulas essa semana e logo menos terei provas, então o fluxo de postagens nessa semana e na próxima não será muito intenso, principalmente na semana seguinte. Tentarei deixar algumas postagens programadas, mas avisarei quando isso acontecer. Espero que tenham apreciado este conto, estou tentando trazer coisas novas para o blog, se tiverem dicas de postagens podem deixar nos comentários que eu ficaria muito grata. Beijos ~
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